domingo, 21 de abril de 2013

Diário de Viagem - TURQUIA – 9° dia – Excursão pelo Bósforo

Depois de passar alguns dias acordando inumanamente cedo e tendo que fazer as malas todo dia de manhã, finalmente acordamos num horário razoável, programados para sair às 8h da manhã numa excursão de um dia pelo Bósforo.

Como em todas as excursões, primeiro o guia faz diversas paradas em diversos hotéis para pegar todos os turistas participantes, e enquanto fazia isso ele aproveitou para falar sobre a vida dos sultões na época do Império Otomano.

A nossa primeira parada seria, na verdade, o Bazar das Especiarias, conhecido também como Bazar Egípcio, que é menor do que o Grande Bazar, e, adivinha, é especializado em especiarias e artigos relacionados (perfumes, essências, temperos, comidas em geral e, claro, quinquilharias). O Bazar foi construído do lado da Mesquita Nova, e data do século XVII, e ganhou o nome Egípcio porque foi construído com receitas vindas do Egito. Ali vale à pena visitar a parte de dentro do Bazar, que é linda, extremamente colorida e com um cheiro estonteante (de bom!!!), porém, se a sua idéia é fazer compras por um bom preço, faça-as do lado de fora, onde tudo é mais barato, e mais confuso também, com alguma probabilidade dos vendedores só falarem turco.

bancada "básica" de chás
As lojas são dividas meio que por temas, tem lojas só de doces, outras só de ervas e chás, outras só de temperos. Acabamos por visitar algumas, comprando uma quantidade absurda de chá (tenho chá para alguns anos em casa agora), algumas castanhas, doces e essências (adoro um cheirinho). A loja de essências que visitamos também vendia chás, o que facilitou muito o regateio final com o vendedor. Aliás, aquela loja foi uma visita à parte, pois ficamos muito tempo batendo papo com o vendedor, que era muito simpático, e dava para ver como ele suava frio quando percebeu que eu é que estava negociando. Ah, sim, na Turquia na maioria das vezes a mulher escolhe o que ela quer levar e depois o marido se encarrega de negociar o preço (isso acontece tanto com os turcos quanto com os estrangeiros), mas nesse caso o vendedor já conta com a venda, pois a mulher já decidiu o que ela quer. Só que não era esse o caso, e o vendedor ficou para morrer, e passou toda a negociação dizendo para o meu marido que ele tinha muita sorte comigo. Fica a dica, mulheres, negociem vocês mesmas! Só não se esqueçam de duas regras: se você aceitar levar alguma coisa, depois não pode desistir, eles ficam extremamente ofendidos. Se você disser que não quer levar, também é complicado mudar de idéia, eles não abaixam o preço se perceberem que você está só fazendo charme. O lance é manter o “poker face”.

prateleira de essências da tal loja onde ficamos muito tempo batendo papo
Depois de passar uma hora e meia nesse império dos sentidos, pegamos novamente o ônibus para atravessar a rua. É sério. Aparentemente o guia não podia atravessar a rua com o grupo inteiro. Do outro lado da rua ficava a marina, onde pegamos um barco para passear pelo Bósforo, uma excursão de mais uma hora e meia fazendo um ziguezague e vendo todos os pontos importantes desde o Chifre de Ouro. Acho que nesse ponto demos um certo azar com o nosso guia, que apesar de conhecer bem todos os pontos que chamavam atenção nas margens do Bósforo, às vezes mais parecia um corretor de imóveis. Era “casa de 1,5 milhão” pra cá, “casa de 3 milhões” pra lá... entremeadas de informações realmente interessantes, como a escola onde estudou o Ataturk, ruínas de uma fortaleza, casa onde atualmente fica a boate mais badalada da cidade e palácios importantes do governo e do Império Otomano. A mini-viagem em si é muito linda, as casas e a vista são desbundantes e valem muito a pena o passeio. Além de ser muito agradável, naquele calor forte de verão, um belo passeio de barco, com um bom vento refrescante. Falando em refrescante, outro ponto negativo é que no barco são oferecidas diversas bebidas, mas esquecem de te avisar que elas não são de graça.

A vista do passeio é deslembrante!
Depois do passeio, saltamos do lado europeu da cidade para almoçar num restaurante especializado em peixes, e peixes tivemos no almoço! Primeiro serviram diversas entradas: uma espécie de sardinha servida em forma de filés, arroz com mexilhão servido em conchas (como a nossa casquinha de siri), uma salada de frutos de mar, outra salada (essa mais “normal”, de pepino e tomate), mais uma salada de batatas com iogurte e especiarias e pão. Depois vieram outros tipos de comida quente, especialmente frituras: um tipo de pastel, uma coisa esquisita feita de batata, abobrinha frita e um feixe que parecia dourado, servido inteiro e grelhado. De sobremesa foi servido melancia. Claro que aproveitei para beber mais ayran, a bebida nacional turca, feita de iogurte salgado.

Depois do almoço, voltamos a pegar o ônibus e atravessamos para a parte asiática da cidade, para visitarmos o palácio de veraneio do sultão, chamado de Palácio Beylerbeyi. Claro que esse palácio é considerado pequeno, afinal ele é de veraneio, mas ainda é um palácio do sultão, e, portanto, ele tem “apenas” 24 quartos e salões, e apenas 6 banheiros, o que é uma grande vantagem com relação a qualquer palácio europeu, que nem banheiro tem, né? Os orientais sempre foram mais preocupados com a higiene. Um detalhe interessante sobre esse palácio é que ele não possui cozinha, porque o palácio original pegou fogo justamente na cozinha, e a sultana decidiu que não queria mais correr o risco.

única foto que consegui tirar dentro do palácio antes de ser repreendida
Infelizmente não é permitido tirar fotos dentro do palácio, mas ele segue um estilo bem mais moderno do que o Topkapi, com muito ouro, muitos detalhes e pinturas em estilo ocidental nas paredes. De uma forma geral, esse palácio é bem modernoso e ocidentalizado, já que ele foi construído em torno de 1860. E a visita vale a pena não só do ponto de vista arquitetônico, mas porque o palácio é praticamente um museu, recheado de objetos e mobiliário do mundo inteiro. Um detalhe importante sobre a visita: para entrar no Beylerbeyi é preciso estar acompanhado de um guia, e os horários de visita são extremamente restritos, praticamente com hora marcada, entrando apenas um número limitado de pessoas por vez, e um grupo só pode entrar depois que o grupo anterior tiver saído. Portanto, quem quiser visitar o palácio sozinho, tome cuidado e se prepare para ficar algum tempo passeando pelo jardim, esperando a sua vez para entrar. Mas não se desespere, o jardim é um passeio à parte, e é muito bonito também.

O jardim é muito agradável, e tem uma vista linda também
Depois do Palácio, a excursão nos levou a um lugar conhecido como Colina dos Namorados, que nada mais é do que um bistrô com uma vista muito bonita de Istambul. Em outras palavras, foi uma enxeção de lingüiça com vista, pois ficamos muito mais tempo do que o razoável por lá. Eu e o Caike aproveitamos para tomar um chá, eu pedi um quente e ele um frio.

vista da Colina dos Namorados
Voltando do tour, saltamos do ônibus na praça Taksim, pois queríamos aproveitar para trocar nossos euros por liras turcas, o que é muito fácil de fazer nessa região, que é cheia de casas de câmbio.

rotatória da Praça Taksim
Depois demos uma passada no nosso hotel para um pit-stop, e acabamos por encontrar o casal paulista simpático que nos acompanhou durante boa parte da viagem, e novamente trocamos impressões sobre o tour do Bósforo, onde concordamos que valia a pena, mas que podia ser melhor, especialmente se tivéssemos outro guia mais simpático e menos estilo corretor de imóveis.

Como já estava tarde para fazer um passeio distante, resolvemos passear pela rua mais famosa do bairro Taksim, que é uma espécie de “calçadão”, onde se encontram todos os tipos de loja que você pode imaginar, numa espécie de Saara de Istambul, só que muito mais chique e limpo, com direito a muitos barzinhos e restaurantes no meio do caminho. Além de muitas lojas de marca! Claro que eu aproveitei para fazer compras, porque não sou de ferro.

as lojas antigas são belíssimas por dentro!
Mas o passeio é interessante de uma forma não-consumista também, pois nessa rua passa um bonde daqueles antigos, de trilho e todo aberto, que nesse dia (provavelmente por conta do Ramadã) estava com convidados especiais: uma banda pop tocando ao vivo! As lojas são todas muito bonitas, e algumas ficam em prédios bem antigos, que vale a pena entrar só para dar uma olhada. E claro, tem o tradicional sorvete turco! Essa é uma atração à parte! Mesmo que você não goste de sorvete, compre um, porque é uma aventura! O vendedor de sorvete é um malabarista, e a graça dos seus truques é justamente sacanear o comprador, que tenta em vão ficar com o seu sorvete nas mãos. Como era Ramadã, quando chegamos ao vendedor de sorvete, a loja estava absolutamente vazia, pois ainda era dia, e, portanto, os turistas estavam evitando comer em público, já que a maior parte dos turcos é muçulmana, e por isso estavam jejuando até o pôr do sol. Só que estávamos com fome, e faltava muito pouco tempo para a noite cair, e decidimos pedir o tal sorvete (que por sinal também é muito gostoso), e o vendedor fez um show tão bonito que logo depois a fila para comprar sorvete ficou lotada.

o simpático bonde de Istambul
Também passeamos por um shopping imenso em busca de uma loja de eletrônicos indicada pelo casal paulista, que não nos agradou muito, porém quando estávamos saindo do shopping nos deparamos com um show de dervixes na porta! O Ramadã realmente é uma época interessante! Acabamos por jantar numa espécie de fast food de massas, que além de não ser fast, não era muito gostoso. Mas ficava ao lado de uma loja de chocolates que foi uma perdição!

O "calçadão" de Taksim a noite, completamente iluminado!
Já cansados e carregados de compras, finalmente voltamos ao hotel para dormir, pois o dia seguinte prometia ser muito mais animado e cansativo.

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